Poema No 01
Teus dentes foram talhados a mão
Trabalhados com cuidado
Primeiro foram desenhados no marfim
Rabiscados com lapis 0.5
Depois o artista celestial iniciou o processo de entalhe
Cada siso, cada canino, cada molar
32 exemplares únicos da perfeição
Guardados na tua boca
Adornados por dois labios carnudos e poderosos
Tão perfeitos quanto os dentes
E os teus olhos
Fazem do castanho
A única cor importante no mundo
Nada mais interessa
Poema No 02
As mão passeiam no ar
Presas nos braços
Suspenças
Me parecem maiores do que são
Dão a impressão que podem arrancar
Do peito, o coração de qualquer um
Tão rápido que ainda continuaria pulsando fora da caixa toraxica
Foi assim que você fez comigo
Poema No 03
A arte de tornar o impossível possivel, é a Loucura
A técnica de viver o improvável, é a Ilusão
A ciência de transmutar segundos em eternidade, é a Coragem
E temos as lembranças
Para saborear lá pelas dez da manhã
Quando dá fome
Poema No 04
Eu falo tudo com dureza, com secura, com arestas
Com aspereza
Eu falo tudo com quase nada
Com poucas palavras, de poucas letras
Palavras sem poesia, se arte, sem rima
Eu me canso desse escuro
Mas não acendo a luz
E mesmo que você não volte para consertar esse estrago
Espero o teu retorno
Com um sorriso luminoso
Para clarear essa noite escura
E me contar as ultima novidades
Poema No 05
O caminho da felicidade somente pode ser percorrido uma vez
Porque ao chegar lá morremos
E não podemos mais fugir do inevitável
A sensação mais maravilhosa do mundo, do universo, dessa dimensão
É tocar o caminho da felicidade com a boca, com a derme da face,
Provar com as papilas da língua
E se empregnar com a bruma
Somente assim nos sentimos vivos
O caminho da felicidade é para poucos
Para os escolhidos
Mas somente poderá ser feliz, no caminho da felicidade
Aquele que sabe que está ali
Aquele que ao chegar
Reconhece, com desespero, que em nenhum outro lugar
Existe aquele dourado delirante
Aquele sentimento sufocante
Aquele fogo
Eu soube, eu sei, eu saberei
A vida é repleta de tesouros transitórios.
E o que nos mata é o "nunca mais"
Poema No 06
Alegre a chuva molha as folhas
Molha o capim e umedece o teu caminho
Te faz atrasar e oprime meu peito
Imagino quando você faltar
Sei que navalhas cairão do céu
E o folidol vai matar as ultimas flores
Lágrimas escorrerão para dentro, num caminho inverso
E serão amargas
Nada que o resto de nossas vidas não resolva
Poema No 07
Foram dias bons
Com toda correria
Com toda pressa
Com toda urgencia
Foram dias bons
Segredos
Cumplicidade
Foram dias bons
Medo
Frio na barriga
Pressão
Foram dias bons
Sorrisos pela manhã
E você enfeitando minha vida.
Poema No 08
A cadeira olha triste
Provavelmente lembrando teu sorriso
Ele ainda vaga no ar
Assombrando, e nao deixando que eu esqueça
Que a saudade amarga, mata, espinha
Corroe minha alma
Talvez ela não seja imortal
Porque sinto que alguma coisa morreu aqui dentro
Poema No 09