sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dois

Eu bebo todos os dias a realidade
no café da manhã, no almoço, na janta.
Respiro o concreto, o certo, o que não é mutável.
Entendo todas as questões, teoremas, formulações.
Sei que não ficaremos juntos.
Tão certo como dois e dois são vinte e dois.
E mesmo estando saciado, cheio destas certezas, que me consomem pela manhã,
me dilaceram pela tarde, me sufocam nas noites de céu estrelado.
Não consigo te esquecer.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Milena, aqui.


Milena sorriu.
Ela olha a rua, o movimento mormacento do dia a dia
Risos de Milena,
são como flores espalhadas.
São como polem desprendendo,
do bico do beija-flor.
E flutuando ao vento,
vão semeando mais alegria.

E quem não se encantaria?

sexta-feira, 5 de abril de 2013

A prisão do Caminho da Felicidade


Dizem que existe um pote de ouro no final do arco-iris.
Não sei.
Sei onde existe um pote de mel.
Um ramalhete de flores.
Um gosto de vida.
Uma vertigem.
Uma fantasia.
Um- não- sei- o -quê, que destrói toda a vontade.
Faz com que o certo se transfigure em incerto.
Faz do errado, o desejo que queima a pele.
E da segurança, uma bobagem.

Dizem que o ouro realiza qualquer anseio.
Não sei.
Sei que não pode comprar um segundo, dos raios daquele sol.
Lá onde minha alma jaz aprisionada.

No fim do caminho dourado.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Eu Desejo



Eu desejo mais do que a tua carne.
Eu desejo estar dentro dos teus ossos.
Passear pela tuas veia e vasos.
Mergulhar nas artérias,
e ser expulso do teu coração em cada batida

Eu desejo mais do que tocar a tua pele.
Desejo mais do que teus dentes.
Mais do que as tuas unhas, cravadas na minha garganta.

Desejo o que não é palpável.
Desejo o imponderável.
Desejo ter a tua alma.
O teu gosto, o teu querer.
Desejo me misturar contigo de uma forma tal,
que a faca mais afiada da propaganda, não possa separar em bandas.
E desejo, sobretudo, que o mundo,
vire de cabeça para baixo.
E que toda essa loucura,
possa ser, logo, realidade.