Nosso amor é o pássaro
de alas abertas no céu
sustentado na amplidão
pelas térmicas e pelo véu
de sólidas nuvens de algodão
Ave linda e arredia
endêmica dessas matas
Nosso amor é a fera que rasga
com garras navalhais
tenras carnes cordiais
A proteção de lata
de armaduras medievais
nada pode contra a pata
do amor que rapina e mata
pequenos e frágeis animais
Eu fito o horizonte com medo
do ataque predador
de costas para o sol, o amor
mergulha em posição marcial
Arranca meus olhos e come
Te leva para longe, some
deixando escuridão e dor
e já não posso admirar o esplendor
das plumas do nosso amor
Ave arredia e rara
Que migrou para o tão distante
escuro e causticante
mundo do acabou
Mas o sol é quase eterno
e depois de todo inverno
ressurge pelas planícies
campos, jardins e pântanos
Do mundo que inventamos
Voando leve, faceiro, o amor
lembrando ao coração
Não! nunca passou.
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