Sento para refletir
E saborear tudo que está escrito.
Escrito sem receita, sem forma, sem medida.
Palavras de algodão doce.
Palavras são como sementes.
Fazem brotar pés de goiaba, salas, prédios
e jardins secretos.
Palavras bipolares.
Servem como piadas ridículas.
Pisoteadas pelo mundo real.
Contudo. Olhando com lupa:
Palavras multicoloridas.
Palavras Pancromáticas.
Para que refletir?
Se nunca mais existirão risadas, histórias
e nem palavras de algodão doce derretendo na boca.
Nunca mais pés de goiaba, salas, prédios etéreos
jardins, rosas, girassóis, orquídeas e nevoa de sonho.
Pela janela vejo um homem que apara o capim
com laminas afiadas.
Ele corta pela raiz. É tudo muito rápido.
Passa a lamina e de imediato o capim está sem vida.
Nada de fotossíntese.
Quem somos nós para resistir as laminas da realidade.
Quem pensamos que somos.
Somos só capim no vento.
Somos só palavras num poema sem métrica.
Somos só fonemas num verso sem rima.
Ainda assim, sendo insignificantes, temos dentes e fúria.
E ira guardada. E gana de morder e abraçar mais do que cabe nos braços.
Eu paro para refletir. O homem está terminando com o gramado: não restaram flores.
Guarda essas palavras para ler e rir, nos dias em que estiver entediada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário