segunda-feira, 22 de julho de 2019

Casal Apocalipse




Quando vejo uma ruína me pergunto:
Te encontrei aqui?
Será que te beijei naquele prédio demolido?
Será que te abracei nessa rua que a cratera engoliu?
No pátio do mercado falido
Te apertei contra o meu peito
Sem ter piedade dos funcionários desempregados
Porque onde teimamos em nos ver:
Todos os lugares.
Todas as construções.
Todas as cidades.
Pagaram.

Nossa felicidade é convertida em destruição ruidosa
Os carros batem.
Os motores explodem.
O céu desaba em tempestade furiosa.
Os rios alagam em dilúvios colossais.
Vulcões ensandecidos.
Terremotos separando as placas continentais.

Nós saímos quase imunes.
Somente algum arranhão,
 hematomas,  
vermelhidão,
perda dos sentidos,
lábios arroxeados
e o coração
partido.


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